IGUANA:

O próspero mercado norte-americano de répteis e anfíbios para criação doméstica, uma única espécie, o Iguana iguana, ou Iguana Verde, como é popularmente conhecido, é, de longe, a principal estrela. Para se ter uma idéia da sua importância, nos Estados Unidos é considerado "the first reptile pet", o mais popular bicho de estimação no segmento de répteis, chamado de herps.
Em torno dele - conforme apontou Cães & Cia, nas matérias sobre serpentes e anfíbios, publicadas nas edições 208 e 216 -, desenvolveu-se uma verdadeira indústria, com pet shops, publicações dirigidas, enorme disponibilidade de acessórios e alimentos exclusivos. Há centenas de clubes e associações que divulgam a sua criação, promovendo ainda a integração entre os hobistas. A mais importante delas, a American Federation of Herpetoculturists, que edita a revista Vivarium, reúne 15 mil filiados.
Uma boa parte do que é desenvolvido e produzido para os herps está voltada exclusivamente aos Iguanas. Há também fazendas e ranchos especializados na criação de répteis. Instalados em países onde a legislação permite a produção, comercialização e exportação desses animais - entre eles Nicarágua, El Salvador, Colômbia, o maior produtor, e alguns estados americanos -, a ênfase desses criadores é, justamente, o Iguana Verde. Só uma dessas fazendas - sediada na Colômbia - exporta para os EUA 80 mil dos cerca de 120 mil exemplares de Iguanas que produz anualmente. Além de manter outros répteis, como crocodilos e serpentes - o governo colombiano, através do Ministério do Meio Ambiente, faz um controle rigoroso sobre os cerca de 40 estabelecimentos similares que funcionam hoje naquele País. "Os animais são criados soltos, em áreas separadas por espécie, que procuram reproduzir seu ambiente natural", conta a proprietária da importadora Tropical Reptiles, de Miami, Sílvia Rodrigues.
Outro indicativo da grandeza do hobby, segundo Jerry Walls, da TFH Publications, maior editora sobre pets do mundo, está nas estimativas do governo americano, que indicam que cerca de 800 mil Iguanas entraram no país nos últimos cinco anos. Para ele, os Iguanas Verdes são, incontestavelmente, a maior fatia do mercado dos herps. "Sua comercialização é duas vezes maior do que a da cobra Corn Snake e a do lagarto Leopard Gecko, que ocupam o segundo lugar na preferência dos hobistas americanos", compara Jerry, informando que tem mais de dez títulos dedicados exclusivamente à espécie, além de um capítulo especial para o Iguana Verde em muitas das obras sobre lagartos lançadas pela editora. "Não dá para não falar do Iguana Verde. Ele é disparado o mais popular."
Iguana Times:
De acordo com Paul Miller, editor assistente da revista Reptiles - maior publicação dos Estados Unidos sobre herps, com tiragem mensal de 120 mil exemplares, dos quais cerca de 70 mil são assinantes - há tantos Iguanas Verdes nas casas dos americanos quanto as dezenas de espécies de anfíbios somadas. Por isso, conta Paul, em praticamente todas as edições da revista há informações sobre Iguanas, seja em matérias com dicas sobre sua criação e reprodução, seja apontando problemas e doenças que podem, eventualmente, atingir a espécie.
A importância do Iguana nos Estados Unidos é tanta que existe, inclusive, uma entidade especializada, a International Iguana Society, na Florida, EUA. A associação, que publica o periódico quadrimestral Iguana Times, com 24 páginas, tem associados em mais de 20 países da Europa, América Central e Japão, além dos Estados Unidos. Segundo Robert Erik, membro da diretoria da entidade, o principal objetivo do clube é a preservação da espécie. Também oferece ajuda financeira para pesquisas científicas, informa o hobista sobre os cuidados na criação e organiza visitas regulares a ranchos e fazendas, para monitorar o processo de criação.
Mesmo nos clubes que abrangem várias espécies de herps, o Iguana Verde tem enorme participação. Segundo Ray Busby, da International Reptile Breeder Association, com sede na Califórnia, o principal destaque dos eventos que a entidade promove anualmente na Costa Oeste dos Estados Unidos é o Iguana Verde. No maior deles, no Arizona, dos 250 expositores de várias partes do mundo, cerca de um quarto mantém exemplares de Iguanas à venda. "É muita coisa para uma única espécie", afirma.
No Brasil, o hábito de ter répteis como pets é embrionário, mas cresce a cada dia. Isso ocorre ao largo da atual legislação, que proíbe a importação de espécies estrangeiras e, também, a posse de animais que ocorram na fauna brasileira ou mesmo de espécies similares. Ainda assim, quem procura acaba achando vendedores e é possível encontrar em algumas lojas equipamentos para a montagem de terrários, bem como acessórios e alimentos especiais.
Em Evidência:
Os motivos para a extrema popularidade do Iguana como pet são vários. E ainda que este hobby já exista há mais de uma década, tudo indica que a explosão do interesse do público tem data e nome marcados: o filme Jurassic Park, de Steven Spielberg, um dos maiores fenômenos de bilheteria da história de Hollywood.
É o que observa Jerry Walls, da TFH. "Depois do filme, aumentou o interesse das pessoas pelos Iguanas e outros lagartos como potenciais bichos de estimação, em função de suas semelhanças físicas com os protagonistas pré-históricos de Jurassic Park." A partir daí, a mídia deu aquela forcinha de-cisiva, mantendo a espécie permanentemente em evidência. "Tem sempre um artista conhecido aparecendo com um Iguana no ombro", observa Ray Busby, da Reptile Breeder Association.
No mercado brasileiro, o fenômeno se repete. No ano passado, depois que o Fantástico, da TV Globo, mostrou uma reportagem sobre Iguanas, muitas petshops receberam dezenas de ligações por dia de pessoas querendo saber onde adquirir um exemplar.
AMIGOS IGUANAS:
O Iguana iguana pertence à famíliaIguanidae, que possui 5 subfamílias; 54 gêneros e mais de 700 espécies. A família Iguanidae é encontrada nas Américas do Norte, Central e Sul (do Sudoeste do Canadá até a Terra do Fogo); na Ilha de Madagáscar, na África; e nas Ilhas Fiji, na Ásia. Muito diversificada, é difícil de caracterizá-la com base somente na aparência. Um caráter constante no gênero Iguana é a ausência de um padrão regular de escamas no topo da cabeça, especialmente no focinho. As pálpebras são formadas por grânulos, espessadas nas bordas e fecham-se completamente. Territorialista, defende-se dando mordidas e chicotadas com a cauda imensa. O Iguana vive, em média, 15 anos.
Nos EUA, o mercado dos répteis como bichos de estimação é gigante: entre todas as espécies criadas, o Iguana é o número um.
A alimentação é um atrativo à parte: o Iguana, diferente de muitos répteis, dispensa comida viva, facilitando a aceitação de quem não gosta de dar insetos a mascote.
DOCILIDADE:
Se o filme sugeriu e a tevê se encarregou de divulgar a espécie, a enorme popularidade do Iguana só foi consagrada graças ao seu temperamento. De fácil adaptação, é a que mais interage com o homem e a mais "dócil" entre todas as espécies de répteis. "Às vezes, o relacionamento entre o Iguana e seu dono é tão estreito que chega a ficar parecido com o que as pessoas têm com os bichos de estimação mais comuns", observa Ray Busby, da Reptile Breeder Association.
Segundo o biólogo Marcus Buononato, proprietário da loja Bioterium, de São Paulo, essa facilidade minimiza o nível de estresse a que o animal é exposto durante o manuseio, embora jamais seja possível domesticá-lo. Cientificamente, de acordo com ele, não existe réptil domesticável ou emotivo. Seu cérebro, com estrutura extremamente primitiva, não tem condições de sentir qualquer tipo de afeto. O que ele percebe, na verdade, e isso se condiciona, é o que o somatório dos seus sentidos - visão, olfato, paladar e hábitos freqüentes - pode distinguir. "Mas o nível de condicionamento do Iguana é ilimitado, e um convívio prolongado com um ser humano pode levar a manifestações de reconhecimento muito similares às dos mamíferos", acrescenta o biólogo.
Embora não recomende o manuseio dos répteis, nem mesmo no caso dos Iguanas, Buononato admite que graças a esse temperamento menos agressivo do que o de outras espécies, é até possível passear, levar no ombro, brincar com o Iguana sem deixá-lo muito estressado.
A alimentação dos Iguanas é um atrativo à parte. Ainda que precisem de proteína animal e na natureza a obtenham alimentando-se de insetos, desenvolvem-se normalmente com ração para répteis. Existe uma especial para Iguanas, a ideal, mas não liberada pelo Ministério da Agricultura. Pode ser dada também a ração para gatos (sabor peixe) à base de proteína animal ou a ração para peixes, à base de vegetais. Desaparece, assim, a repulsa natural que as pessoas têm em relação a outros répteis e anfíbios, que se alimentam prioritariamente de animais vivos. "Seu cardápio, embora variado, é bastante simples, mesmo em se tratando de um animal de grande porte - chega a atingir dois metros, em cativeiro aos seis ou oito anos de idade", observa Rob MacInnes, proprietário da Glades Herp Inc., na Flórida, que também vende por encomenda para qualquer lugar do mundo.
COMO CRIAR:
Para garantir as melhores condições ao Iguana Verde é fundamental oferecer um ambiente que combine temperatura, umidade, luz, alimentação e espaço físico.
Terrário - O Iguana nasce medindo de 15cm a 25cm e pode chegar até 2m. Para os jovens o terrário deve ter, no mínimo, 1m x 0,40m x 0,40m (comprimento x altura x largura). Já os adultos de porte médio (com 1m a 1,20m) precisam de um um terrário com 1,8m x 1,5m x 0,60m, espaço suficiente para abrigar um casal (cerca de 70% do corpo do Iguana é composto de cauda). Para os Iguanas que atingirem, excepcionalmente, entre 1,80 e 2m, deverá ter o dobro do tamanho: 3m x 3m x 1m. O terrário pode ser feito em casa, de madeira a parede do fundo, a tampa e as duas laterais (abrir cortes para a circulação do ar, um em cima e outro embaixo, em cada parede lateral). A parede da frente é de vidro, para visualização. As lâmpadas ficam presas na tampa e uma tela tipo colméia de acrílico ajuda a não filtrar os raios de luz e evita que o Iguana se queime encostando nelas. Outra opção é usar um aquário, tampado com tela com vãos de 1cm ou do tipo colméia de acrílico, para ventilação, com a calha de lâmpadas por cima.
Decoração - No interior do terrário uma estrutura vegetal (galhos e troncos), e um pouco de terra e pedrinhas no chão, que podem ser substituídas por litter (cacto ou casca de árvore moida, à venda nas pet shops) e carpetes atóxicos, mais absorventes.
Iluminação - Se o terrário tem menos de 50cm de largura, usar uma só lâmpada, a de tipo UV-B específica para répteis, que ajuda a sintetizar o cálcio e a vitamina D3 nas reações metabólicas, indispensáveis para a sobrevivência. Com mais de 50cm, o ideal é ter também a de tipo UV-A, que ajuda a manter a pele em boas condições. Para 1m de largura, colocar três lâmpadas: duas UV-B e uma UV-A.
Temperatura - O ideal é que o terrário tenha ao redor de 29·C durante o dia e 22·C à noite, para reproduzir o ambiente típico do Iguana. O controle da temperatura é feito com um termômetro no terrário. É influenciado pelo aquecimento das lâmpadas, a rocha aquecida, o aquecedor com termostato e a temperatura externa.
Aquecimento - O Iguana precisa de uma fonte de calor, obtida através de aquecedores de cerâmica, rochas ou placas aquecidas, ligadas ininterruptamente.
Umidade - Controla-se com um hidrômetro, em geral acoplado ao termômetro. Deve ficar entre 70 e 80%. Para aumentá-la oferece-se água em uma vasilha que serve para o Iguana resfriar-se quando a temperatura corporal ficar muito alta e para manter a umidade relativa do ar. Outra forma de umedecer o ambiente é borrifando água no terrário duas vezes ao dia ou conforme necessário.
Quando pôr o Iguana no terrário - Quando a temperatura ambiente está menor que 22·C. Abaixo dessa temperatura, o Iguana pode ter pneumonia e morrer. Com temperatura acima de 28·C, pode ficar fora do terrário por alguns dias.
Alimentação - Há rações importadas. Não tendo a ração específica, dar frutas, legumes e verduras cruas, principalmente as de tonalidade mais escura, flores, como hibiscos, rosas e mel, complementando com proteína animal (pequenos insetos, principalmente grilos e baratas, ração para gatos à base de proteína animal e ração para peixes à base de vegetais) na proporção de 30% para Iguanas filhotes (até 2 anos, em média) e subadultas (de 2 a 4 anos) e menos de 5% para as adultas (acima de 4 anos). Dar comida duas vezes por dia. Os restos de alimentos devem ser retirados ao primeiro sinal de deterioração.
Complemento vitamínico - Para repor eventuais carências alimentares é fundamental dar, diariamente, um complemento vitamínico. Disponível em pet shops como "vitamina para réptil herbívoro", contém Cálcio e Fósforo na proporção de 2 para 1, além das vitaminas A, B, B12, C, D e D3. Em pó, deve ser misturado às refeições.
Reprodução - O sexo do Iguana é de difícil constatação para o leigo. Um especialista pode descobri-lo visualmente, quando adulto (a partir dos quatro anos) pelos poros femorais (estruturas na parte interna das coxas das patas posteriores), bem maiores e mais visíveis nos machos do que nas fêmeas. Ou então é preciso fazer um exame com instrumentos chamados sexadores - pode ser feito inclusive em filhotes. A reprodução do Iguana Verde, em cativeiro, é considerada fácil. A fêmea entra no período fértil cerca de dois meses antes do verão e o acasalamento é normal, como o dos cães, por exemplo. O macho pode morder a nuca da parceira durante a cópula, chegando a provocar sangramento, o que é normal. A fêmea abandona os ovos, em média 25, que eclodem entre 60 e 85 dias depois. Se os pais forem mansos, os filhotes podem ser mantidos com eles, desde que haja espaço para toda a família.

Fonte: http://www.petbrazil.com.br/